Demência é uma síndrome manifestada pela diminuição global das funções cognitivas, caracterizando-se pela disfunção adquirida em vários domínios da função intelectual, incluindo a memória, a linguagem, a capacidade visual, espacial e a cognição.
À medida que a doença progride, o paciente torna-se incapaz de alimentar-se independentemente, devido às suas limitações cognitivas e físicas. Além disso, perda de peso e caquexia são achados
clínicos frequentes em pacientes com DA.
Desta forma, as condições nutricionais do idoso portador de Alzheimer são afetadas de modo drástico e irreversível, por uma provável incapacidade na aceitação, mastigação e deglutição. Para tal, uma alimentação adequada ao longo do curso da doença é essencial na preservação do estado físico do paciente, contribuindo para a estabilidade e melhora do perfil nutricional.
Com a evolução da doença, a dificuldade de manter o peso do idoso através da alimentação convencional aumenta. Portanto, preparações concentradas em calorias auxiliam nesta árdua tarefa repleta de cuidados.
De uma forma geral, há várias práticas alimentares que devem ser adaptadas às condições comportamentais observadas na população em questão. São elas:
• Aos pacientes que ainda são capazes de se alimentar sozinhos, coloque uma toalha umedecida embaixo do prato para prevenir deslizes e, também, babadores;
• Minimize ao máximo as distrações, durante as refeições, controlando o barulho durante as mesmas. Desligar a televisão ou o som é uma ótima ideia;
• Utilize guardanapos de pano, pois o paciente pode ingerir os guardanapos de papel;
• A temperatura dos alimentos deve ser checadapara evitar que os pacientes queimem a boca;
• Quando o paciente esquecer de engolir, o diga para engolir após cada mastigação, e antes de oferecer o próximo pedaço, certifique-se que ele já engoliu o anterior;
• Utilize colher infantil caso o paciente mastigue muito rápido; mas se ele come muito devagar, alimente-se antes dele e monitore cada passo da alimentação usando palavras como “mastigue” ou “coma mais um pedaço”;
• Caso o paciente seja agitado, faça as refeições dele em um local tranquilo; praticar exercícios antes das refeições o deixará mais calmo e cansado; a utilização do finger foods tornará mais prática a alimentação;
• Quando o paciente apresenta a mania de cuspir o alimento, avalie a habilidade de mastigação e deglutição, pois pode ser que o paciente esteja apresentando comprometimentos na deglutição; supervisionar horários certos de oferecer as refeições e, em algumas situações, dizê-lo para não cuspir, ajudará a lembrá-lo de não fazê-lo.
Enfim, independente do estágio da doença, a ciência da Nutrição influenciará, de forma positiva, no fortalecimento físico e cognitivo deste paciente, bem como, ajudará seus familiares a oferecerem uma alimentação mais direcionada para cada caso e eventualidades que surgem ao longo desse tratamento.
Flavia Cunha
Nutricionista clínica do Instituto Senescer