Médicos são constantemente colocados em situações difíceis. Uma das mais complicadas é, sem dúvida, comunicar notícias ruins para pacientes e familiares. Como fazer isso da melhor maneira possível?
Na prática clínica diária, o médico precisa estar preparado para o momento de dar notícias ruins. No entanto, nas faculdades de medicina no Brasil não há qualquer treinamento para enfrentar situações de morte e sofrimento.
Nos Estados Unidos, em 63% dos programas há alguma forma de treinamento em comunicação de más notícias e, em 23% deles, o período de treinamento é considerado de moderado a extenso. É preciso mudar a realidade brasileira.
Para comunicar más notícias, como em quase tudo na vida, é preciso muito treino. Algumas medidas podem ajudar o médico nesse momento:
Definição: uma notícia ruim é “qualquer informação que envolva uma mudança drástica na perspectiva de futuro, em um sentido negativo”, como morte, doença grave, crônica, incurável ou terminal e etc.
Antes de falar com o paciente/familiares:
- avalie se você é a melhor pessoa para dar a notícia;
- ensaie o que vai dizer. É fundamental que você tenha uma boa relação médico x paciente.
Aja no momento mais adequado:
- com disponibilidade de tempo;
- avaliando o estado emocional e psicológico do interlocutor;
- preparando-o para a notícia.
Ao falar com o paciente/familiar:
- use linguagem clara e simples;
- mostre tristeza, sem mostrar “culpa”;
- não minimize o problema. Dê, apenas, uma esperança realista;
- garanta que haverá continuidade dos cuidados paliativos;
- repita as explicações, sempre que necessário;
- assegure o suporte emocional necessário.
Quando lidando com um paciente pediátrico grave, busque manter uma relação próxima com a família, facilitando a sua permanência próxima ao doente e procurando sempre mantê-la informada. Muito importante, também, é estar sempre disponível, quando não pessoalmente, mantendo, pelo menos, um canal de comunicação.
Estar preparado para esse momento é tão fundamental quanto a capacitação técnica médica.