Cuidados na alimentação no paciente com disfagia

A disfagia é um termo que se refere à dificuldade em deglutir (disfagia orofaríngea) e à sensação de alimentos sólidos e/ou líquidos “presos” na garganta ou no esófago (disfagia esofágica). Trata-se de uma dificuldade que provoca mal-estar e dificuldades em mastigar e engolir, o que pode conduzir a uma má alimentação e desidratação. Este é um problema que afeta cerca de 60% das pessoas, principalmente os idosos que padecem de doenças degenerativas.
Quais as causas da disfagia

As pessoas que sofrem de disfagia perdem o prazer de comer e saborear os alimentos. A dificuldade da passagem da massa alimentar da faringe para o esófago pode resultar na entrada dos alimentos nas vias respiratórias, provocando tosse, falta de ar, gripe, pneumonia, entre outros. Assim sendo, a disfagia pode ser um sintoma de:

Uma doença neurológica provocada por lesões encefálicas que afetam a atividade muscular dos pacientes. Esta dificuldade está frequentemente associada à doença de Huntington que afeta os movimentos, as emoções e os comportamentos humanos.
Uma doença degenerativa causada por perda progressiva da função muscular, como a doença de Parkinson e a doença de Alzheimer.
Um cancro da cabeça e do pescoço, provocado por alterações mecânicas estruturais que afetam a forma como os alimentos são transportados.
Uma obstrução mecânica caracterizada pela dificuldade em mastigar e engolir alimentos sólidos e/ou líquidos.
O processo de envelhecimento contribui para o enfraquecimento muscular de um paciente e isso conduz a mudanças fisiológicas que interferem no processo de deglutição.

Fases da deglutição

Para compreender a disfalgia, é essencial que perceba quais as fases da deglutição. A deglutição é uma ação motora automática, na qual estão envolvidos os músculos da respiração e do sistema gastrointestinal. O seu objetivo principal passa por transportar o bolo alimentar até ao estômago e limpar o sistema respiratório. Para uma melhor compreensão, ela foi dividida em 4 fases distintas:

Fase preparatória: É uma fase voluntária e depende da vontade das pessoas se alimentarem. Inicia-se com a escolha do alimento e o prazer que a sua ingestão proporciona.
Fase oral: Também é uma fase voluntária. Inicia-se com a introdução do alimento na cavidade oral. Nessa cavidade, o alimento é colocado sobre a língua, efetua-se a mastigação e o bolo alimentar é conduzido para a faringe.
Fase faríngea: Esta é uma fase involuntária e reflexa. Ela inicia-se quando a deglutição é desencadeada com a presença do bolo alimentar na câmara faríngea. Trata-se da fase mais complexa da deglutição, apesar de ter a duração total de um segundo.
Fase esofágica: Consiste no direccionamento do bolo alimentar do esófago ao estômago, através da atividade motora esofágica. O esófago recebe e conduz o alimento até ao estômago, através da ação de gravidade e de uma contração denominada peristalse.

Tipos de disfagia

A disfagia pode ser dividida em dois tipos principais. São eles:
A disfagia orofaríngea

A disfagia orofaríngea também é conhecida como disfagia alta e isso acontece devido à sua localização. Os pacientes que sofrem deste tipo de disfagia apresentam dificuldades em iniciar a deglutição e, geralmente, identificam a área cervical como a mais problemática. A disfagia orofaríngea carcateriza-se pela alteração das fases oral e faríngea da deglutição e estas são causadas por doenças neurológicas. A causa mais comum de disfagia é o AVC.
A disfagia esofágica

A disfagia esofágica também pode ser denominada de disfagia baixa, pois refere-se a uma localização no esófago distal. Ela é mais frequente devido a uma obstrução mecânica. Em muitos pacientes, é possível distinguir uma causa mecânica de uma anormalidade na motilidade através da obtenção de um histórico cuidadoso. À medida que o corpo envelhece, as pessoas devem ter muito cuidado com os seus hábitos alimentares para não sofrerem deste tipo de disfagia.
Quais os sintomas da disfagia

Existem alguns sintomas característicos que geralmente acompanham a disfagia. Dos mais importantes, destacam-se os seguintes:

Dificuldade em iniciar a deglutição
Excesso de saliva
Acumulação dos alimentos na boca
Regurgitação nasal ou oral
Tosse ou engasgo com alimento ou saliva
Fala anasalada
Redução no reflexo de tosse
Disartria e diplopia
Pneumonias de repetição
Febre sem causa aparente
Dificuldade em tomar determinados medicamentos
Perder peso de uma forma abrupta
Sensação de bolo na garganta
Refluxo gastro-esofágico
Recusa alimentar
Sonolência durante as refeições
Sinais clínicos característicos de aspiração, isto é, ausência de tosse, voz com qualidade vocal molhada, dispnéia ou aumento de secreção em vias aéreas superiores

Como diagnosticar a disfagia

A disfagia deve ser precocemente diagnosticada para uma prevenção mais eficaz da gripe, pneumonia, desnutrição e desidratação. O diagnóstico é, em geral, realizado por um fonoaudiólogo, através de uma avaliação funcional da deglutição. Para o diagnóstico e indicação de tratamento são realizados: anamnese fonoaudiológica, avaliação funcional da deglutição, avaliação instrumental através da ausculta cervical e definição de conduta e tratamento através de programas de reabilitação. Podem ser realizados outros exames complementares como a videofluoroscopia e a nasolaringofibroscopia para um diagnóstico mais completo e detalhado.
Como tratar a disfagia

Uma das melhores formas de tratar a disfagia passa por praticar a deglutição e uma terapêutica nutricional. Dessa forma, é necessário realizar uma dieta saudável e equilibrada de acordo com a gravidade dos sintomas apresentados e ajustá-la sempre que necessário. É de realçar que nos casos mais graves, a ingestão de alimentos é efetuada com o auxílio de uma sonda.

Para seguir o tratamento nutricional mais adequado, é necessário cumprir com os aspetos seguintes:

Modificar os alimentos (sólidos e líquidos). Os alimentos devem ser alterados de forma a ficarem mais macios. Os purés são uma das melhores maneiras de garantir uma refeição adequada, atrativa e equilibrada em termos nutricionais. A sua espessura é a ideal, pois os líquidos podem afetar as vias respiratórias.
Ingerir alimentos ricos em vitaminas e proteínas como, por exemplo, os sumos naturais, as sopas e os caldos. Caso não o faça, o sistema imunológico fica mais fraco, o que aumenta o risco de infeções (como a pneumonia) e a perda da massa muscular e óssea.
Beber muitos líquidos. As pessoas que sofrem de disfagia possuem um maior risco de desidratação devido à incapacidade de engolir e consumir quantidades adequadas de líquidos.
Usar suplementos hipercalóricos e hiperpróteicos na alimentação. Os carboidratos, proteínas e gorduras nos alimentos fornecem calorias e energia necessárias para as funções fisiológicas. Assim estará a nivelar as necessidades nutricionais de um regime alimentar.

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