Cuidados Paliativos

A Comissão Permanente de Cuidados Paliativos da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) lança no dia 25 de maio, a Cartilha “Vamos falar de Cuidados Paliativos”. Gratuito, o material destina-se aos profissionais da saúde, familiares e cuidadores que desejam compreender o assunto. Faça download do material aqui

Para o presidente da Comissão de Cuidados Paliativos da SBGG, o geriatra Daniel Lima Azevedo, a iniciativa partiu do fato de que pouco ainda se fala sobre esta linha de cuidado. Azevedo esclarece que não são cuidados de menor importância ou cuidados para pessoas que estão morrendo. “Temos medo daquilo que desconhecemos. Está na hora de falarmos abertamente sobre Cuidados Paliativos que são aquelas que permitem que pessoas com doenças incuráveis que ameaçam a continuidade da vida vivam da maneira mais plena possível”, explica.

Atualmente todas as doenças crônico-degenerativas têm indicação de cuidados paliativos: demência, síndrome de fragilidade, doença renal crônica, insuficiência cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer e tantas outras.

Ainda segundo o médico, os profissionais precisam reconhecer essa indicação para prestar uma assistência paliativa adequada às pessoas de quem cuidam, respeitando a biografia e as preferências de cada uma delas.

Desafios

O principal obstáculo à implementação e ao crescimento dos Cuidados Paliativos no Brasil é a falta dessa disciplina nos currículos dos profissionais da Saúde, que são treinados para manter a vida a qualquer custo.

Um estudo recente mostrou que os médicos indicam reanimação cardiopulmonar e sondas para alimentação para pacientes em final de vida, mas que a grande maioria desses mesmos médicos recusaria um suporte semelhante caso fossem eles os pacientes.

“Esse resultado traduz que os médicos realizam procedimentos nos quais eles mesmos não acreditam, que não vão resolver os problemas existentes. Isso acontece porque não aprenderam que existe uma alternativa: a abordagem paliativa aplicada de uma forma consistente”, avalia Azevedo.

Além disso, a carência de profissionais especializados também é evidente. De acordo com o geriatra, são poucos os centros de formação e treinamento em Cuidados Paliativos no Brasil: a maioria concentra-se em São Paulo.

Outro obstáculo importante é a relutância da sociedade em discutir a morte e a terminalidade. “Somos todos seres finitos e essa percepção deveria motivar as pessoas a redigirem suas diretivas antecipadas de vontade para garantir que, mesmo em situações imprevistas (como um acidente grave com sequela neurológica irreversível, por exemplo), seus desejos sejam respeitados”. Entretanto, muitos ainda acreditam que esse registro deva ser feito apenas se estiverem doentes, o que segundo Azevedo não é verdade.

Cabe dizer, também, que o acesso a serviços de Cuidados Paliativos e a medicamentos para controle de dor e outros sintomas no ambiente domiciliar ainda é limitado. “Ainda existem muitas pessoas que não estão recebendo o tratamento devido e por isso morrem sentindo dor ou falta de ar por causa de legislações ultrapassadas para controle de medicamentos que são rigorosas demais”, avalia o geriatra.

Indicadores

Os cuidados paliativos estão ao alcance de apenas uma em cada 10 pessoas, conforme constatou a Organização Mundial de Saúde (OMS), em mapeamento inédito apresentado em 2014 no documento “Atlas Global de Cuidados Paliativos no final da vida” (tradução do inglês “Global atlas of palliative care at the end of life”). O material tem parceria do Worldwide Palliative Care Alliance (WPCA). O relatório também revela haver 20 países somente que possuem sistema adequado. O Brasil, não faz parte desse grupo.

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