Dicas para lidar com alteração de comportamento do paciente com Alzheimer

As pessoas com Doença de Alzheimer podem passar a se comportar de maneira inusual ou a exacerbarem características prévias à doença. Essas mudanças não costumam ser de imediato associadas pela família a sintomas da doença e por isso podem demorar a receber tratamento. O médico deve ser informado sobre essas manifestações, pois, muitas delas, podem ser tratadas também do ponto de vista medicamentoso. É importante comunicar à equipe de cuidado para que sejam planejadas medidas de como conduzir os sintomas comportamentais de maneira igualitária. Quando uma estratégia funcionar é preciso mantê-la, pois geralmente seguirá funcionando em outras oportunidades em que o sintoma se manifestar.

A pessoa com Doença de Alzheimer perde uma série de funções que interferem em sua percepção. Por isso, parece ficar mais sensível a como está o clima de relacionamento. Deve-se portanto ficar atento para comunicações harmoniosas e evitar conflitos, para poupar desgaste emocional tanto do paciente como do cuidador.

Um cuidado importante refere-se a não falar do paciente em sua presença sem a sua participação da conversa, porque, mesmo os pacientes que parecem estar ausentes, eles podem ouvir, entender e se frustrar com o conteúdo exposto.

Insônia

É comum que o paciente com Doença de Alzheimer apresente dificuldades para dormir, invertendo o dia pela noite. Isso causa um desgaste enorme ao cuidador, principalmente porque o paciente demanda atenção e acompanhamento quando está desperto. Por isso, é importante que o ciclo de sono do paciente seja sincronizado com o do cuidador, a fim de evitar desgaste para ambos.

Dicas:

Procure deixar o ambiente do quarto o mais repousante possível (silencioso e com pouca luz).
Certifique-se que a cama e as roupas usadas pelo paciente para dormir sejam as mais confortáveis, para que ele não se sinta apertado e não passe frio ou calor.
Tente evitar que o paciente durma durante o dia, envolvendo-o em atividades agradáveis que afastem o sono.
Procure motivá-lo a caminhar e fazer outras atividades físicas durante o dia.
Peça ajuda ao paciente para tarefas simples do dia a dia, com o fim de proporcionar ocupação e reduzir a tensão (mas antes assegure-se de que o paciente tem condições de realizar a tarefa e não correrá nenhum risco).

Delírios – Persecutoriedade

Fazer uma interpretação irreal da realidade é uma das manifestações bastante comuns nos pacientes com demência. Como a pessoa perde grande parte das informações, tende a buscar explicações ou a desconfiar do que lhe dizem, visto que não lembra dos acontecimentos. O delírio mais comum nesses pacientes é o delírio persecutório que acontece quando a pessoa sente que está sendo enganada ou perseguida e que alguém quer lhe fazer mal. Outra possibilidade comum é o delírio de ciúmes que pode acontecer até entre familiares.

Dicas:

Tente explicar o que está acontecendo e que ninguém quer fazer mal ao paciente. Dê parâmetros de realidade explicitando fatos.
Caso não funcione, não insista, pois é importante que quem está com o paciente fique fora do delírio. Se a pessoa for considerada nociva, certamente será incluída no delírio e isso a afastará de qualquer possibilidade de oferecer ajuda.
É fundamental que o médico seja informado para poder avaliar a possibilidade de controle medicamentoso do sintoma.
Mantenha postura calma e voz tranquila e, se nada parecer funcionar, tente distrair o paciente com assunto ou atividade agradável e de seu interesse.

Alucinações

É relativamente comum nas fases avançadas da Doença de Alzheimer a ocorrência de alucinações, ou seja, alterações na percepção sensorial do paciente. Em outras palavras, o paciente pode ouvir e ver pessoas, objetos, animais e coisas que não existem.

Dicas:

Não discuta com o paciente sobre a veracidade do que ele está vendo ou ouvindo.
Tente identificar se há um fator desencadeante da alucinação. Ela pode estar no ambiente, como um objeto de decoração em uma sala mal-iluminada ou uma planta que balança com o vento e produz sombra.
Quando o paciente mostrar medo, conforte-o com voz calma e segure sua mão para transmitir-lhe segurança. Assim que ele se acalmar, chame sua atenção para algo real no ambiente, preferencialmente envolvendo um tema de sua predileção.
Comunique ao médico. É possível que algum medicamento esteja contribuindo para o problema ou que algum medicamento possa contribuir para a diminuição desse sintoma.

Sexualidade exacerbada

Alterações de comportamento com exacerbação de sexualidade podem acontecer e são sintomas da doença. Em geral, são sintomas que expõe o paciente e os cuidadores à situações de constrangimento e consequente estresse.

Dicas:

Procurar o médico ou o psicólogo para identificação do problema e busca de soluções.
Evitar ocasiões que possam favorecer a estimulação sexual, com especial cuidado nas situações que envolvem a higiene do paciente.
Colocar limites claros diante do exagero.

Perambulação

Quando o paciente com Doença de Alzheimer anda muito ou caminha sem rumo aparente, mostrando-se muito agitado, pode se tratar de uma alteração de comportamento. Pode caminhar dentro de casa, mas, às vezes, sai de casa desacompanhado e pode se perder. É essencial garantir a segurança do paciente em todos os momentos.

Dicas:

Verifique se a casa está segura (tapetes, escadas, piscina) e se o paciente está usando calçados adequados, visando a evitar quedas.
Dificulte a saída do paciente sozinho da casa, por exemplo, instalando guizos na porta ou no portão e escondendo as chaves de casa.
Coloque no vestuário do paciente etiquetas internas ou cartões com sua identificação: nome, endereço e número de telefone.
Tenha fotos recentes do paciente, para o caso de precisar procurá-lo com a ajuda de desconhecidos.

Agressividade

O paciente com Doença de Alzheimer pode apresentar raiva, agitação e/ou agressividade. Essas reações costumam gerar grande estresse no cuidador, principalmente quando esse não entende tais comportamentos como sintomas da doença e sim como tentativas planejadas do paciente em irritá-lo/ ofendê-lo.

Dicas:

Procure chamar a atenção do paciente para algo que possa ajudar a acalmá-lo, como uma imagem bonita ou o som de uma música que ele goste. Você também pode propor uma atividade como caminhar ou ver fotos antigas.
Procure descobrir o motivo da reação agressiva e evite repetir a situação.
Deixar o ambiente tranquilo e limpo, com poucos estímulos sonoros e visuais.
Se a agressividade persistir ou se tornar mais frequente, o familiar ou o cuidador precisa procurar o médico.

Depressão

O paciente de Alzheimer pode apresentar períodos de depressão que conduzem a um comportamento introspectivo, com perda de interesse pelas coisas que antes fazia e que geram grande estresse ao cuidador.

Dicas:

Proporcione maior acolhimento ao paciente, incluindo-o nas atividades e nas conversas familiares.
Fique atento à alimentação, sono e hidratação do paciente. Se ele passar a comer menos que de costume e se recusar a beber água, procure ajuda do médico imediatamente. Se o sono ficar muito modificado com insônia intensa ou elevado número de horas de sono, é um sinal de alerta. O médico pode passar uma medicação adequada ou encaminhar o paciente a um especialista.
Não espere o quadro melhorar sozinho. Há tratamentos que podem ajudar a minimizar o sofrimento e é provável que os sintomas se agravem.

Ansiedade

Sentir-se constantemente ansioso é uma situação extremamente desconfortável. A situação de depender dos outros, não conseguir fazer o que quer, como quer e na hora que quer pode favorecer a ansiedade.

Dicas:

  • Estimule a autonomia com segurança.
  • Mantenha um ambiente calmo, agradável, seguro e com rotina organizada.
  • Cuide do tom de voz e do ambiente, evitando agitações desnecessárias.
  • Tenha programação de atividades planejada e com recurso disponível para consulta do paciente (agendas ou calendários).

Especialidades

Neurologia Geriatria Pneumologia Medicina do Sono Reumatologia Endocrinologia Enfermagem Fonoaudiologia Terapia Ocupacional Nutrição Psicologia Fisioterapia
X
No que posso ajudar?