Especialista explica quais as consequências e qual o procedimento de emergência ideal
Em 29 de Outubro é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Acidente Vascular Cerebral (AVC). A data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2006, em parceria com a Federação Mundial de Neurologia, tem como objetivo alertar a população sobre os tratamentos e prevenções da doença.
No Brasil, atualmente, o AVC é a primeira causa de morte e incapacidade. Estima-se que no mundo ocorra um acidente a cada 5 segundos (algo em torno de 17.280 casos por dia), sendo a 2ª causa de morte e a 1ª de incapacidade no mundo. Dados do estudo prospectivo nacional em 2013 indicaram uma incidência anual de 108 casos por 100 mil habitantes. Em 2009 a mortalidade foi de 51,8 por 100.000 habitantes.
Segundo Sandro Matas, neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, nos últimos anos houve uma redução na incidência do AVC em nossa população. “Essa diminuição ocorreu por conta da intensa mobilização nacional contra o hábito do tabagismo. Porém, em locais de condições socioeconômicas ruins houve tendência de estabilização e até aumento da incidência, pois há dificuldade da população em ter adequado controle de suas doenças crônicas, como hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemias, além de obesidade e sedentarismo.”
Matas explica ainda que as sequelas podem ser preocupantes. “Perto de 50% dos pacientes que sofrem AVC ficam incapacitados e dependentes de um cuidador, serviços de assistência à saúde, serviços de reabilitação fisioterapêutica, fonoaudiológica e cuidados de enfermagem”.
O neurologista afirma que procurar o pronto-socorro assim que identificar os primeiros sintomas pode ser decisivo para o quadro. No hospital, pode-se identificar o tipo de AVC, se isquêmico ou hemorrágico, e adotar medidas de tratamento imediato. “O AVC Isquêmico, quando uma artéria que leva sangue ao cérebro é obstruída; e o AVC hemorrágico, quando uma artéria que leva sangue ao cérebro se rompe. No caso do isquêmico, na fase inicial, após exame de tomografia de crânio e identificação de alguns critérios de seleção, podemos utilizar de medicamentos endovenosos que podem dissolver o coágulo, reestabelecendo a circulação cerebral e minimizando as sequelas neurológicas. Algumas vezes há recuperação completa do déficit neurológico. Se mesmo assim não houver dissolução do coágulo, é possível removê-lo mecanicamente por cateterismo. Já no caso do hemorrágico, há possibilidade de oclusão do aneurisma por cateterismo (endoarterial) ou mesmo por neurocirurgia, utilizando um clipe metálico”.
O tempo é fundamental para preservar a vida e reduzir as sequelas. Estudos apontam que, quanto mais rápido a pessoa recebe o tratamento adequado, maiores são as chances dela se recuperar. O ideal é que a busca por um atendimento médico de emergência não ultrapasse 4h30, desde o início dos sintomas. No caso do Pronto-Socorro do Hospital São Camilo, para acelerar o atendimento emergencial, favorecer um diagnóstico assertivo e contribuir com a redução de sequelas, todas as Unidades da Rede (Pompeia, Santana e Ipiranga) seguem um protocolo de atendimento diferenciado do Grupo de Doenças Cerebrovasculares da Academia Brasileira de Neurologia. Assim que o paciente chega ao pronto-socorro, um neurologista faz a avaliação clínica e realiza um exame de tomografia para verificar se há sinais de obstrução da artéria ou hemorragia cerebral. Com base nos resultados, o especialista vai indicar o melhor tratamento, que pode ser desde o suporte clínico, passando pela desobstrução da artéria, até a indicação cirúrgica. A gravidade do caso vai depender da extensão da lesão cerebral.
Fique atento aos sintomas!
- Paralisia súbita de braços e/ou pernas, geralmente unilateral;
- Súbita alteração de sensibilidade e/ou perda de força;
- Desvio da rima labial (boca torta);
- Alteração da fala;
- Dor de cabeça persistente;
- Alterações de equilíbrio;
- Alterações visuais;
- Alterações de consciência.
Como prevenir o AVC?
- Reduzir o consumo de sal, gorduras e álcool;
- Adotar hábitos alimentares saudáveis, como: ingestão de mais frutas, legumes e verduras;
- Realizar atividades físicas regularmente;
- Controlar o peso corporal;
- Controlar a hipertensão arterial, doenças do coração e diabetes;
- Não fumar.